Alguns ciêntistas fizeram alguns testes interessantes com macacos, com a finalidade de induzir um comportamento obsessivo de hiperatividade. Para isto, bloquearam a passagem de dopamina no cerebro de alguns chipanzés. A dopamina é responsável pela noção temporal, e sua associação e percepção de recompensa.
É importante ressaltar que o comportamento dos humanos e dos símios é bem similar em alguns pontos. Por exemplo, quanto maior a proximidade temporal de recompensa, maior o estimulo à liberação de dopamina. Daí a grande tendência de todas as pessoas em deixar as coisas para “ultima hora”.
Bem, com o desnível de dopamina os macacos perderam a noção do tempo, ficando em constante perspectiva de recompensa. Tinham a impressao que a recompensa pelo trabalho deles iria chegar a qualquer momento, e tornaram-se workholics. Macacos anteriormente preguiçosos passaram a trabalhar 18 a 20 horas por dia. Um quadro típico de hiperatividade com hiperconcentração.
O fato é que os desníveis de dopamina podem levar a quadros inversos, em que a noção de recompensa perde-se em um tempo infinito, e a punição pelos atrasos em compromissos regulados pelo tempo tornam-se eminentes, mesmo que o compromisso esteja em um lapso temporal distante. Daih a ansiedade, a pressa e a angustia.
Sendo que a DDA bloqueia a noção espaço/tempo do indivíduo, pautamentos externos devem ser utilizados. Um PDA (ou relógio alarme), por exemplo, avisando a hora que vc deve sair de casa é uma boa solução. Não agendas, mas sim alarmes. Agendas e anotações exigem constante atenção nelas, o que pode levar a um estado de angústia. Pelo menos em casos mais profundos.
Saiu na Super-Interessante, edição 211 de março de 2005… A matéria é de Thiago Lotufo, Página 18:
Macacada Workaholic
Macaco viciado em trabalho? Isso mesmo. Barry Richmond, do Instituto Nacional de Saúde Mental, transformou macacos preguiçosos em workaholics ao impedir – por meio de uma técnica genética molecular – que o cérebro deles recebesse dopamina, um neurotransmissor associado a mecanismos de recompensa.
O pesquisador bloqueou a ação do gene D2, que produz o receptor para dopamina no cérebro. Com isso, a macacada deixou de distinguir labuta e prazer e desandou a trabalhar.
Em seu estudo, sete macacos tinham de puxar uma alavanca de acordo com uma sequencia de luzes. A tarefa era dividida em fases, e quando acertavam a ultima delas, recebiam suco. Quanto mais perto de serem recompensados, menos erros cometiam. Ou seja, assim como os humanos, eles se dedicam melhor a uma obrigação quando o prêmio pode ser vislumbrado num tempo curto.
“Sem dopamina, eles passram a fazer a tarefa sem parar e com poucos erros porque não podiam mais prever quando seriam recompensados”, afirmou Richmond.
Longe deste negócio de ser workaholic e preservando o espirito Dorival Caymmi dos mímios, um ciêntista escocês constatou que o bocejo também é contagioso entre chapanzes – e que ele depende da empatia de um animal com o outro. Quem vc prefere: Caymmi ou um macaco viciado em trabalho?