Há uns 260 anos o escocês, iluminista, filósofo e (porém) economista Adam Smith teve um insight genial, que resumiu e imortalizou na frase “não é da benevolência do padeiro, do açougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu”auto-interesse“. Defendia o Liberalismo Econômico, onde a iniciativa privada deveria agir livremente, com pouca ou nenhuma intervenção governamental.

Bem, o “laissez faire, laissez passer” nasceu, cresceu e modificou-se (como preconizado desde o começo do século por Keynes, entre outros). Atualmente a ingerência do Estado ultrapassa a esfera econômica, bem como a de guardião do Estado-de-Direito. Admoesta ao direcionamento coletivo da atenção e ao exercício de uma espécie de “cidadania ecologica universal”. O indivíduo deve prestar atenção ao que chamam de “consciência mundial” (cuidando-se mais, prestando atenção ao meio-ambiente, reciclando, etc).

Neste ponto é importante relembrar a relação entre consciência e atenção:

“… a atenção é o estado intermediário entre consciência e ação, e ocorre quando determinado estímulo atinge determinados níveis de significado ao indivíduo”.

(por exemplo: Vc está na sala, consciente do ambiente que o cerca; em determinado momento a porta bate com o vento. O estímulo (sonoro) atinge níveis de significado em seu cerebro, direciona sua atenção para a origem do som e a ação de virar a cabeça é quase imediata) – Vd. A Economia da Atenção – Thomas A Davenport.


Dentro deste conceito sobre atenção é fácil compreender que a possibilidade punitiva é um fator determinante ao comportamento individual. Utilizar o cinto de segurança, não beber ao volante, não cortar arvores em lugares públicos – entre outros – são padrões de comportamento condicionados pela atenção aversiva ( ou seja, cuja motivação advém de evitar-se aquilo que é coletivamente considerado ‘ errado’ , chamando à atenção por meio do castigo).

Ocorre que, cada vez mais, existe uma especialização da natureza humana; Como nas colônias de insetos (abelhas e formigas, por exemplo), o indivíduo está cada vez mais especializado e atuante numa esfera específica (p.ex: não existe mais o clínico geral, mas sim o especialista, mestrado e doutorado na aorta coronária direita)(ps. não admira que o tempo que um jovem leve para deixar a casa dos pais nos últimos anos tenha aumentado exponencialmente).

Observe-se que o comportamento é afetado na razão direta da evolução social de determinado nicho humano; Desta maneira, a punibilidade, eficaz em comportamentos que afetam o grupo, torna-se deveras intrusiva e inadequada a outras necessidades de condicionamento, que aparecem de maneira sutil ao melhor funcionamento de uma sociedade mais complexa e organizada; A atenção deve ser volitiva, com uma recompensa imediata àquele que assume a iniciativa de determinado comportamento sugerido pela coletividade, em determinado contexto. Estamos entrando no limiar da Teoria Motivacional do Divertido.

Nada ilustra melhor este conceito que as iniciativas públicas do pessoal do www.thefuntheory.com (embora eu tenha a impressão que o pessoal lá ainda não tenha se dado conta de ter estruturado uma nova teoria motivacional relacionada ao estímulo da atenção público condicionada).

Seguem alguns exemplos:

Incentivando a recolher latas de plástico


Incentivando as pessoas a usarem as escadas, economizando energia e fazendo exercícios




Fazendo com que as pessoas utilizem o lixo público

 
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